Todos os modelos pregueados, sejam com pregas, machos ou plissados, têm a particularidade de o molde do forro ser diferente do vestido.
O forro nunca deve interferir no movimento das pregas porque afectaria a beleza do seu movimento.
Portanto os forros deverão ser:
- soltos e com volume suficiente (no mínimo têm de ter a largura total);
- ou só ter forro até ao início das pregas;
- ou então ter aberturas a partir do início das pregas.
Eu vou escolhi a última opção porque o resultado fica excelente e não interfere em nada no movimento dos machos.
Esquematicamente temos:


Molde do Vestido | Molde do forro do vestido |
Para explicar melhor, utilizei a cor lilás para representar o tecido em que é feito o vestido.
No segundo esquema temos o molde do forro que é composto por duas partes distintas:
- a vista do decote (frente e costas);
- e o forro propriamente dito que neste caso é de tafetá.
A vista do decote é sempre feita do próprio tecido em que é feito o modelo e tem a função de "encorpar"/reforçar a zona do decote e peito.
A parte do forro em tafetá (a branco) tem exactamente o mesmo molde, mas sem os acrescentos dos machos e somente se cose até à linha da anca que coincide com o início da abertura do macho (linha a tracejado).
Mas não há necessidade de fazer um novo molde. O que geralmente faço e para não cortar o molde já feito em duas partes (quero aproveitá-lo para outros projectos), utilizo papel vegetal para decalcar a vista do decote (frente e costas) e o resto faço com o próprio molde mas coloco-o no tecido não contanto com a parte que corresponde à vista (na prática há um bocado do molde que fica sem tecido por baixo).

Nota: As margens das costuras, tanto da vista como do forro devem ser exactamente iguais às margens deixadas no vestido (é uma questão de estética e que faz a diferença).
Este é o resultado:


Notas:
1 - A vista do decote não tem necessidade de levar costura ao meio, portanto o molde feito em papel vegetal é colocado sobre a dobra do tecido dobrado em dois (como podem ver na imagens anteriores ao resultado).
2 - Geralmente o forro deve ficar ligeiramente mais folgado que o vestido. O que faço é coser somente as costuras laterais com mais 0,50cm.
As aberturas são tratadas como costuras, dobrando-as para dentro vincando com o ferro de engomar e pespontadas à máquina para não terem a tendência de virar e de se descoserem.


Entretanto, já alinhavei as linhas de dobra dos machos para serem vincadas e preguei o fecho invisível na costura das costas.
Devo dizer que o calcador para fechos invisível é impecável! Fica perfeito!


Agora é só vincar os machos (já estão vincados), colocá-los no "devido lugar" e depois coser o forro ao vestido.
A bainha é a última coisa a fazer (neste vestido é a penúltima) e convém ter calçado os sapatos que vou usar com este vestido para que a altura do vestido fique perfeita. É que os saltos influenciam o cair do vestido e principalmente a altura ideal para ele.
A última coisa a fazer será pespontar à mão com linha torçal de um tom mais escuro todas as costuras, à esquerda e à direita, e que se prolongam pelos machos, incluindo bainha e linhas de decote.
Será um pormenor trabalhoso, mas acho que o resultado vai valer mesmo a pena e torna este modelo simples...com "o tal detalhe"!
Actualização: Esqueci-me de referir que ainda tenho de fazer as alças finas (a cruzar nas costas conforme o desenho técnico)
Por hoje é tudo!
Já falta muito pouco tempo para vos mostrar o resultado final deste projecto por isso mantenham-se atentos!
Até lá!